quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ler, pesquisa e publicar em fontes digitais

Por Renata Maria


O texto eletrônico pode dar realidade aos sonhos, sempre inacabados, de totalização do saber que o precedeu. Tal como a biblioteca de Alexandria, ele promete a universal disponibilidade de todos os textos escritos, de todos os livros publicados. Como a prática de lugares comuns à Renascença, ele chama a colaboração do leitor que pode, a partir de agora, escrever no próprio livro, portanto, na biblioteca sem muro da escrita eletrônica.” (CHARTIER, 2004, p. 3).

Acessar os dados da internet demanda, evidentemente, que não nos precipitemos rumo a uma navegação cega, desprovida de critérios e análises, onde a inconsistência dos achados poderá por um fim à materialidade das nossas pretensões e possibilidades. O cotejamento na leitura, pesquisa e publicação constitui a base sólida da investigação, esculpe o seu caráter científico e projeta no rol das produções mais uma fonte para circular entre os pares, estruturando esse sistema de socialização do conhecimento.

Contudo, é preciso admitir a existência de regiões abissais, com dados transvestidos (de verdade ou de mentira) degradando a qualidade das nossas projeções de leitura, pesquisa e publicação, quando enveredamos pela pesquisa em fontes digitais. Afinal, essa franca evolução do acesso à informação é depositária, também, de uma série de riscos, aos quais não estamos tão expostos(as) quando manipulamos e garimpamos outras mídias (jornais, revistas, livros, enciclopédias, dicionários).

Sobre esse assunto já sinalizava Wolton (2003, p. 87), ao afirmar que: “O acesso a ‘toda e qualquer informação’ não substitui a competência prévia, para saber qual informação procurar e que uso fazer desta. O acesso direto não suprime a hierarquia do saber e do conhecimento“.

Aferir a ambivalência entre fontes fidedignas ou não, requer um olhar capaz de identificar as rotas onde fecunda o verdadeiro conhecimento. A leitura e a pesquisa na internet supõem, portanto, uma articulação dialética e dialógica entre conhecimento prévio, fidedignidade da fonte e o cotejamento com outras mídias. Portanto: “[...] precisamos dominar a tecnologia para que, além de buscarmos informação, sejamos capaz de extrair conhecimento” (PEREIRA, 2007, p. 17).

Sobretudo, é preciso compreender que:

O conhecimento não viaja pela internet. Construí-lo é uma tarefa complexa, para a qual não basta criar condições de acesso à informação. Hoje, para poder extrair a informação útil do crescente oceano de dados acessível na Internet, exige-se um conhecimento básico do tema investigado, assim como estratégias e referenciais que permitam identificar quais fontes são confiáveis. Por outro lado, não devemos esquecer que, para transformar a informação em conhecimento, exige-se – mais que qualquer outra coisa – pensamento lógico raciocínio e juízo crítico (MARTÍNEZ, 2004, p. 96)

No entanto, preterir os documentos impressos em detrimento do surgimento da internet significa entregar-se ao furor da novidade, abdicando das possibilidades depositadas nas demais tecnologias. A internet pode, decisivamente, vir a colaborar, todavia, sucesso ou fracasso dever-se-á aos que se dedicam a garimpá-la e utilizá-la.

Nos alerta Mattar (2005, p. 141), que:

A tecnologia da informação permite-nos rapidez e precisão muito grande para acessarmos, sintetizarmos e analisarmos a informação”. O que requer aptidão para agir com destreza sobre elas. Eis um cenário de liberdade e igualdade perante as informações, onde cada cidadão pode acessá-las para conhecê-las e intervir por meio delas. E ainda: “a maneira de construir a informação, de a apresentar, de prever os meios de acessá-la, não é universal, ela está ligada aos esquemas culturais.

A partir dessas colocações é importante salientar que para muitos o processo de pesquisa na internet ainda é hermético, onde é preciso tempo, inclinação e habilidade, pois os meios tradicionais de acessar as informações não abarcam a demanda e necessidade de apropriação dessa base de dados. Nesta linha de pensamento está Lombardi & Saviani (2005, p. 234), pois esses nos dizem que graças ao nível de desenvolvimento da sociedade atual surge a necessidade de se alcançar “[...] um acervo mínimo de conhecimentos sistemáticos sem o que não se pode ser cidadão, isto é, não se pode participar ativamente da vida da sociedade”.

As mudanças são cada vez mais velozes, as verdades não mais absolutas e o impacto na vida dos indivíduos e na sociedade, cada vez maiores. O epicentro da revolução – e evolução - no convívio entre o homem e a informação digital é o lugar da pesquisa, da exploração e da perícia na manipulação dos dados.

REFERENCIAL TEÓRICO

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 2004.

LOMBARDI, José Claudinei; SAVIANI, Dermeval (Orgs.). Marxismo e educação: debates contemporâneos. Campinas: Autores Associados, 2005.

MARTÍNEZ, Jorge H. G. Novas tecnologias e o desafio da educação. In: TEDESCO, Juan Carlos (Org.). Educação e novas tecnologias: esperança ou incerteza?. Trad. de Claudia Berliner, Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Cortez, 2004

MATTAR, João. Metodologia científica na era da informática. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

PEREIRA, João Thomaz. Educação e sociedade da informação. In: COSCARELLI, Carla; RIBEIRO, Ana Elisa (Orgs.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

WOLTON, Dominique. Internet, e depois?: Uma teoria crítica das novas mídias. Porto Alegre: Sulina, 2003.

* Texto originalmente publicado nos Anais do EDaPECI 2011.

A Era da Informação

Por Renata Maria

A Era da Informação representa o momento atual, no qual a sociedade vive cada vez mais da informação, produzindo-a, disseminando-a e dispensando-a em um ritmo muito intenso, demandando um processo de formação que nos permita transitar por entre as dobras dessa imensa e infindável malha de possibilidades. Sobre o mesmo assunto corrobora Campello et al (2005, p. 9), quando esta nos diz que: “Caracterizada por uma abundância informacional nunca vista antes, essa sociedade vai exigir que os indivíduos desenvolvam habilidades específicas para lidar com a informação”.

Booth et al (2005, p. 3) ao se apropriar do termo que intitula o tópico, afirmou que: “[...] coletar informações, organizá-las de modo coerente e apresentá-las de maneira confiável e convincente são habilidades indispensáveis, numa época apropriadamente chamada de Era da Informação“.

Destarte, o aumento sem precedentes do volume de informações, impele a sociedade contemporânea a buscar uma formação para a aquisição de habilidades no manejo destas, pois, trata-se de uma ação elementar ao desenvolvimento da mesma. Sobre o assunto advoga Wolton (2003, p. 95) ao afirmar que “é em nome da liberdade e da igualdade dos indivíduos que a informação, e qualquer informação, deve ser acessível a cada cidadão, como meio de conhecer a realidade e de agir”.

Diante dessa perspectiva, podemos dizer que as TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicaçao) nas instituições de ensino subsidiam a construção de novos conhecimentos, pois permitem o acesso ilimitado às informações, porém suscitam a necessidade de saber explorá-las. Uma mudança de cenário e de comportamento, haja visto que não é prudente aos usuários das informações a falta de iniciativa, a passividade diante dos dados. De acordo com Booth et al (2005), a sociedade, mais do que nunca, requer pessoas com espírito crítico, capazes de indagar e encontrar as respostas.

A produção da informação evolui de acordo com as suas formas de armazenamento e disseminação. Ela é uma matéria-prima que vem crescendo vertiginosamente desde o surgimento da escrita a 5000 anos na Mesopotâmia, da invenção do livro entre 1450 e 15000 na China e na Grécia e da invenção da prensa por Gutemberg em 1439.

Os novos suportes do conhecimento (TIC) colocam os usuários da informação em novos contextos de busca, a exemplo enfatizamos a internet, que é um repositório de informações, um dos lugares onde ela se prolifera, responsável pela sua desterritorialização.

A esse respeito, nos fala Tajra (2005, p. 161) que:

A internet é mais um canal de conhecimento, de trocas e buscas. A internet não substitui. Ela facilita, aprimora as relações humanas, elabora novas formas de produção, estimula uma nova cultura digital, libera tempo, une povos e culturas. Gera uma nova sociedade.

REFERENCIAL TEÓRICO

BOOTH, Wayne et al. A arte da pesquisa. Trad. de Henrique A. Rego Monteiro. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na educação. 6. ed. São Paulo: Érica, 2005.

WOLTON, Dominique. Internet, e depois?: Uma teoria crítica das novas mídias. Porto Alegre: Sulina, 2003.

* Texto originalmente publicado nos Anais do EDaPECI 2011.

Empréstimo de livros digitais, um futuro próximo

Por Renata Maria

A partir de 2012 a Fundação Biblioteca Nacional realizará empréstimos de livros digitais. Há quem diga que não acredita, mas, há quem acredite que isso será possível, e será.

Eu creio no que virá, e, considero louvável essa ação por parte da Biblioteca Nacional.

A informação está cada vez mais acessível, cabe-nos, em contrapartida, acessá-la e construir o conhecimento.


Leia um trecho da notícia:

No início de 2012, o Presidente da FBN, Galeno Amorim, já espera ter para empréstimo cerca de cem títulos digitalizados (literatura brasileira em domínio público). A ideia agora é aprender coma experiência de quem já vive a era digital nas bibliotecas, e pensar o modelos mais adequado à nossa realidade, seja o download ou o sistema nuvem, em que o livro fica disponível só por um período.

Fonte: Estadão

Produções Científicas nas malhas da rede: O caso da UFS

Por Renata Maria

[...] nosso fascínio pela tecnologia nos fez esquecer o objetivo principal da informação: informar. Todos os computadores do mundo de nada servirão se seus usuários não estiverem interessados na informação que esses computadores podem gerar (DAVENPORT , 1998, p. 11).

Percorrer diversos campos do conhecimento implica, também, estar conectado à rede mundial de computadores, desfrutando do oceano de informações digitais que são depositadas por instituições de ensino e pesquisa, grupo pelo qual se interessou essa investigação.

Esta assertiva é resultado de uma verificação do contingente de dados socializados em formato digital via web, dentre eles artigos, anais, livros, revistas, dissertações e teses, que tendem a romper com a condição estática da informação, antes retida em páginas que, amiúde, se acumulavam em arquivos sendo devoradas pelas intempéries do tempo.

Em uma das passagens do livro Cibercultura, Lévy (1999, p. 93) fala que, no tocante à divulgação de informação através da internet: “A perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do início do próximo século”.

Tal afirmação, de fato, confirma-se nos tempos atuais, pois recorremos cada vez mais à internet para, dentre tantas outras coisas, registrarmos velhas e novas informações de diversos tipos e relevância.

Deveras, no século XXI, o volume de informações depositadas na rede mundial de computadores é incomensurável, e, ainda na pespectiva de Lévy (1999), para navegar nesse oceano de informações, devido ao contingente de dados disponíveis, talvez seja preciso inventar mapas e instrumentos não rígidos, pois, os domínios no ciberespaço não são duráveis.

Eis que a informação, matéria-prima do conhecimento, objeto de desejo dos estudantes, pesquisadores e sábios, componente das transformações da sociedade, passa a ter o seu acesso adensado e desterritorializado graças à rede de fios e máquinas que abrem as janelas do mundo, para o mundo. O mesmo nos diz Silva (2001, p. 22), em outras palavras, quando afirma que:“[...] com as novas tecnologias, o lugar do saber se descentraliza e se expande, fazendo com que o conhecimento esteja em todo lugar e em nenhum lugar.

Certamente, esse manancial de possibilidades nos incita a lançar um novo olhar sobre a relação entre pesquisa, fontes e campo empírico, abrindo novos e auspiciosos caminhos para a articulação entre tecnologia, ensino, pesquisa e produção científica.

Tais indagações são importantes para compor uma floresta de estudos e obras que sirvam como portos de reflexão, no tocante à essa “nova” modalidade de acessar os fundamentos do conhecimento, pois:

Há, portanto, no meio eletrônico, um excesso de informação disponível que torna a produção de conhecimento no processo educativo (integração seletiva de informação) difícil e problemática. Uma das funções cruciais da educação em meio eletrônico (se não a função crucial), hoje, é, precisamente, trabalhar com o educando essas dificuldades de navegação, seletividade e habilidade de integração proveitosa de conhecimento (BELLEI, 2002, p. 98).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELLEI, Sérgio L. P. O livro, a literatura e o computador. São Paulo: EDUC, 2002;

DAVENPORT, Thomas H. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998;

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. Trad. de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999;

SILVA, Mozart Linhares da (Org.). Novas tecnologias - educação e sociedade na era da informação. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

* Texto originalmente publicado nos Anais do EDaPECI 2011.

sábado, 29 de maio de 2010

Bibliotecas Físicas e Digitais

Na concepção de Milanesi (1994), a biblioteca é um antídoto ao dogmatismo por oferecer informações sem censura, pois, ainda segundo ele, o acesso livre à informação é não limitá-la ao professor nem aos livros, e sim concebê-la como em perene desdobramento e constante reescritura.
Por Miranda (1980) a biblioteca é uma célula “viva” única e que precisa ser útil para receber apoio, estima e prestígio, ou do contrário será percebida pela sociedade como um óvni. Decorridos muitos anos, não a concebemos de outro modo senão como um espaço vivo com a missão de superar a aculturação nas suas diversas faces e múltiplas instâncias.
Desde outrora, a função plena exercida pela biblioteca a reafirma como núcleo da informação e, portanto, espaço fecundo de investigação. Designações essas que corroboram com a sua imanente relação com as novas formas de se produzir e reproduzir informações. O computador, por exemplo, reforçou a dinâmica da leitura e da pesquisa. Hoje, sabemos mais sem sequer sairmos do lugar, mas nem sempre o que ficamos sabendo por vias tecnológicas representa fielmente a realidade que buscamos investigar.
O professor, imbuído da tarefa de educar, porém preso às amarras do ensino tecnicista do qual provém, por questões de (desin) formação, negligencia, muitas vezes, a utilização de tecnologias subtraindo de si e dos seus alunos grandes oportunidades de (in) formação através delas.
Entretanto não é cabível generalizar, pois pesquisas mais profundas, sem dúvida nos apresentariam iniciativas/casos de sucesso, sem contar que o problema pode estar na própria tecnologia como a baixa conexão ou até mesmo na parte técnica que são computadores com defeito e no número insuficiente de máquinas para realizar as atividades.
Em consonância com o apelo para inclusão digital, surgem os apelos para alfabetização digital e/ou letramento digital. Todos esses processos correspondem à busca pela superação de um fosso existente entre a tecnologia e a sociedade. Surgem, pois, as bibliotecas digitais, com os seus acervos digitalizados que promulgam informações seguras e organizadas, diferindo-se das diversas fontes – não tão idôneas ou nada idôneas - normalmente encontradas na internet, e propiciam o sucesso da pesquisa. Pois, de acordo com Grossi (2009), ao contrário do que muitos ainda insistem pregar quando afirmam que o acesso às máquinas desde cedo lhes garante saber o que fazer, é preocupante a vertiginosa vulnerabilidade da base de informações e da formação crítica para a leitura e pesquisa em ambientes virtuais.
Para aclarar esse conceito é importante trazer à tona as palavras do mesmo autor, quando este afirma que:

(...) há cinco pontos essenciais a considerar antes de colocar a garotada na frente da tela: compreender que a busca na rede é uma prática social de leitura, tomar consciência de que a máquina deve ser usada ao nosso favor, aprender a escolher os sites que têm o que se procura, saber selecionar informações confiáveis e entender o peso da imagem no processo. (GROSSI, 2009, p.94)

Com essas idéias corrobora Vianna (2005, p.38), quando diz textualmente que “(...) a internet não é como uma biblioteca convencional: é um espaço cibernético onde as informações não são selecionadas como ocorre nas bibliotecas”.
Segundo Chartier (2004), as mudanças na forma de apresentação do livro, ocorridas nas diferentes fases de sua história, ocasionaram três grandes revoluções: do texto manuscrito em rolo de pergaminho para o códice, formato semelhante ao livro moderno impresso; do códice ao livro impresso e do livro impresso ao eletrônico.
Considerado um grande teórico no assunto, o autor supra citado, por amiúde continua desvelando essa mudança paradigmática ao asseverar que:
"O texto eletrônico pode dar realidade aos sonhos, sempre inacabados, de totalização do saber que o precedeu. Tal como a biblioteca de Alexandria, ele promete a universal disponibilidade de todos os textos escritos, de todos os livros publicados. Como a prática de lugares comuns à Renascença, ele chama a colaboração do leitor que pode, a partir de agora, escrever no próprio livro, portanto, na biblioteca sem muro da escrita eletrônica” (CHARTIER, 2004, p. 3).

Drabenstott e Burman (1997), também compartilham da mesma opinião. De acordo com eles o livro e produções computadorizadas coexistirão por muitos anos. Bibliotecas continuarão a acrescentar novos processos tecnológicos, sem, entretanto substituí-los completamente pelos existentes. O grande problema será o gerenciamento simultâneo dos formatos informacionais com os das novas tecnologias.
Entretanto, esse avanço no qual a humanidade está imersa, não incorrerá na sobreposição de invenções, ou seja, as Bibliotecas físicas e os seus livros impressos – dentre outros documentos -, palpáveis, continuam elementares, porém, ao aderirmos à digitalização tendemos a afinarmo-nos com o sonho da democratização do acesso à informação.
Vergueiro (1997, p. 96), salienta ainda “que as tecnologias computacionais, ao invés de prejudicar a produção de livros, tornaram-na pelo contrário, mais eficiente”. Assim sendo, podemos constatar que a convivência com o impresso e o virtual/digital, é perfeitamente coerente, visto que existem preferências às duas formas de acesso, sem contar que grande parte da informação que as pessoas buscam nas bibliotecas, [...] ainda não está disponível por via eletrônica ou talvez jamais venha a ser considerada como prioritária para realização dessa transferência. Por exemplo, informação histórica, [...] de interesse local, ainda está disponível, em sua maioria, apenas em formato impresso.
Faria Fh (2000) colabora com o assunto quando afirma que a biblioteca virtual destina-se a uma comunidade que não se define geograficamente, sendo reunida pela informação e comunicação. Mas ela não está dada à priori, e, portanto devem-se buscar modos de atingir a comunidade que se quer construir.
Retomando os notáveis princípios de Milanesi (1994, p.15), ele nos diz que “a ciência é cumulativa e a biblioteca tem a função de preservar a memória – como se ela fosse o cérebro da humanidade -, organizando a informação para que todo ser humano possa usufruí-la”. Esse é também o momento histórico da biblioteca, que com maestria busca atender social, cultural e intelectualmente aquele que insuflou-lhe a vida, o atual “ciber-homem”.

REFERENCIAL

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: UNESP, 2004.

DRABENSTOTT, K.; BURNAN, C. M. Revisão analítica da biblioteca do futuro. Revista Ciência da Informação, Brasília, v. 26, n.2, p. 180-194, jun. 1997.

FARIA FH, Luciano Mendes de (Org.). Arquivos, fontes e novas tecnologias: questões para a história da educação. Campinas: Autores Associados, 2000.

GROSSI, Gabriel Pillar. Pesquisa didática: as buscas na internet. Revista Nova Escola, n. 222, p. 94/95, maio 2009.

MILANESI, Luis. O que é biblioteca. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

MIRANDA, Antonio. Estruturas de informação e análise conjuntural. Brasília: Thesaurus, 1980.

VERGUEIRO, W.C.S. O futuro das bibliotecas e o desenvolvimento de coleções: perspectivas de atuação para uma realidade em efervescência. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.2, n.1, p.93-107, jul./dez. 1997.

VIANNA, Márcia Milton. A internet na biblioteca escolar. In CAMPELLO, Bernadete S. et. al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

Biblioteca Digital e Pesquisa: interfaces do acesso à informação digital na formação do professor pesquisador

Este artigo foi escrito por Renata Maria e Glaucio Machado e publicado originalmente na Revista Eletrônica do Grupo de Estudos EDaPECI. Acesse-o na íntegra clicando em EDaPECI04



O objetivo fundamental deste texto é apresentar a importância para a formação docente, do aprendizado e conhecimento sobre as fontes de pesquisas digitais, mais, particularmente, as bibliotecas digitais, bem como as transformações que as Tecnologias da Comunicação e Informação vem acarretando na forma da pesquisa e da divulgação científica e a decorrente necessidade do futuro professor estar apto a compreender os novos desafios e mecanismos que as TIC trouxeram para o ensino.

INTRODUÇÃO

Com o advento da intensa utilização da internet pela sociedade e da crescente disponibilização de acervos digitais que constituem novas bases de investigação, de construção e socialização do conhecimento, surgem novas interfaces na formação do professor/pesquisador.
Todavia, por não haver a possibilidade de construir conhecimento sem acessar e dominar informação (já que informação é a matéria-prima do conhecimento) não convém deixar de fora nenhum suporte, o que faz da internet uma nova e necessária alternativa para alcançar com precisão este substrato da construção do conhecimento.Na atualização do discurso de que o professor deve ser capaz de responder às exigências e necessidades da sociedade, não condiz deixá-lo desprovido do acesso ao volume “ilimitado” de informações disseminadas na internet, capazes de possibilitar a construção do conhecimento necessário para continuar avançando.
Nessa perspectiva, comporta afirmar que é possível descobrirmos informação de suma importância na internet, informação esta que talvez nunca chegue ao nosso alcance por meio impresso, o que já vem ocorrendo com eventos científicos que disponibilizam os seus anais apenas em formato digital, uma prática que tende a tornar-se cada vez mais corriqueira.
Entretanto, também existe na internet informação que não confere qualidade e/ou idoneidade, temos então, por meio da conexão a esse universo de dados o acesso simultâneo a: antídoto e veneno; bem e mal; sucesso e fracasso, e para fazermos escolhas plausíveis precisamos de uma maturidade que nos propicie lidarmos com os requisitos e complexidades da pesquisa e da tecnologia da informação e da comunicação, maturidade esta a ser alcançada no âmbito da academia, na relação diuturna com a experiência e o saber.
A máxima de que a informação é o insumo fundamental para a construção do conhecimento, referenda o pensamento imanente semeado nos objetivos deste texto que visa elevar o reconhecimento da internet como uma alternativa necessária para acessar a informação “desterritorializada” – em Bibliotecas Digitais, por exemplo - consumando, bem como, ampliando a possibilidade de formar o educador crítico e capaz de responder às exigências da sociedade “digital”.
Sobretudo, não é porque computador e internet estão na moda que devemos aderir (não deve ocorrer por modismo e à perspectiva do consumo), é uma adesão pedagógica, o que implica ser curricular e formativa, ou seja, estrutural e orientada por teorias, pois, o potencial para a utilização das Tecnologias da Comunicação e da Informação (TIC) deve ser alcançando, no decorrer do processo de formação desse professor, já que o desconhecimento das suas especificidades e potencialidades pode acarretar a subutilização.
Para evitar esse fim, equivale dizer que é necessária a construção de habilidades e competências que nos permitam compreender os princípios das tecnologias e suas relações integradoras para que possamos enfrentar os desafios implicados pela utilização da TIC no ensino.Destarte, a dita “sociedade do conhecimento”, fruto da era da informação, tem em suas mãos um aparato de soluções digitais cada vez mais poderosas que lhe permite o acesso ilimitado a valiosas fontes de pesquisa, nas múltiplas áreas do conhecimento. Uma realidade que tende a tornar ainda mais auspiciosa a prática da pesquisa na academia, corroborando com a formação de educadores capazes de responderem adequadamente a esta realidade.
Sobre o mesmo assunto nos diz Araújo (2008, p. 16) que: “A formação de professores historicamente tem discutido e buscado meios de conferir ao professor uma formação profissional integrada, capaz de responder às exigências e necessidades da sociedade”. Necessidades estas que mudam com o passar do tempo, tangidas pelo processo de (r) evoluções tecnológicas.Por certo, do profissional da educação do século XXI são requeridas competências ligadas a mudanças e inovações que promovam a existência de um sistema educativo atualizado e dinâmico.
A própria dinâmica do processo de formação de professores possui na contemporaneidade elementos estruturantes introduzidos pela penetração da TIC no cenário social e educacional, dentre eles a possibilidade de ter acesso a uma educação continuada utilizando-se dos recursos dessa tecnologia.As barreiras e dificuldades desse novo território de atuação requerem a reformulação da práxis pedagógica, pois o processo de ação-reflexão-ação/ reflexão-ação-reflexão, se dá em um contexto onde a (re) formulação do currículo ganha espaço para a rigidez dos modos de acessar os conteúdos e do próprio processo de formação.
Nas entranhas da arquitetura desse paradigma inovador está estabelecida, mais uma vez, a eficácia da relação íntima entre ensino e pesquisa para superá-lo, pois tal aliança constitui o papel ativo na articulação da construção do conhecimento.
Apoiando-se nessas considerações pode-se dizer, portanto, que o processo de formação docente precisa estar em perene renovação, retroalimentando-se através da pesquisa e para tanto podemos contar com o potencial de contribuição da TIC no transcorrer dele, já que o substrato da pesquisa denominado informação, corporifica-se e intensifica-se, também, no universo digital.
Nesse trabalho evidencia-se que os cursos de formação de educadores necessitam, portanto, desenvolver nos seus discentes um potencial para a utilização da TIC, propiciando o surgimento de um novo cenário pedagógico onde o objetivo e o contexto da formação promovam a integração, o planejamento e a execução de atividades que reconheçam nessas ferramentas um instrumento facilitador do processo. É, todavia, no curso de formação de professores que deve ser alcançado o grau de conhecimento necessário para a utilização das TIC, no desempenho das suas múltiplas possibilidades de uso.

A Biblioteca Pública ideal para o Século XXI

A Biblioteca de São Paulo – BSP

É o mais novo equipamento da Secretaria de Estado da Cultura. Ela faz parte do conjunto de iniciativas que visam incentivar e promover o gosto pela leitura.A concepção da BSP teve como fundamento a necessidade de se desenvolver bibliotecas de perfil proativo, que introduzam programas que apresentem a leitura como atividade prazerosa.A BSP, diferentemente de suas congêneres, integra diversas mídias, aproxima as expressões artísticas e coloca a literatura ao lado de seus mais fortes concorrentes, como os jogos eletrônicos, a televisão e a internet, para citar apenas alguns exemplos. Sua estrutura foi planejada para oferecer conforto, autonomia e atenção ao usuário, este, o elemento central da biblioteca.A área de 4.257 m2 está distribuída para dar atenção às crianças, jovens, adultos, idosos e pessoas com deficiência. A biblioteca é fortemente apoiada na tecnologia, e oferece: seu catálogo na internet, microcomputadores, rede wireless e terminal de autoatendimento.Inspirada na Biblioteca de Santiago, no Chile, e nas melhores práticas adotadas pelas bibliotecas públicas do país, a BSP está em sintonia com as ações do Programa Mais Cultura, que vem atuando nessa mesma perspectiva, em âmbito nacional.A BSP oferece serviços de referência e informação, leitura de livros, revistas e jornais, empréstimo domiciliar e de materiais de outras bibliotecas, programas de leitura, acesso gratuito à internet e localização de informação especializada. Nela é possível escutar música, assistir a um filme, brincar com os jogos eletrônicos e relaxar nas suas várias áreas de convivência.


Leitura e Tecnologia

O fascínio que jovens e crianças têm pelo mundo digital é entendido como uma das possibilidades de aproximação com a leitura. Por essa razão, a BSP vai promover programas de formação para acesso à internet, mostrando os variados modos de busca de informação qualificada na rede.
Os serviços pensados para os internautas serão desenvolvidos por meio dos recursos disponíveis na WEB 2.0. Além disso, a BSP dispõe de aparelhos da mais nova tecnologia portátil para leitura de livros e revistas em meio digital.

Acessibilidade

Alinhada com as diretrizes da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a BSP dispõe de equipamentos para auxiliar a leitura de cegos e pessoas com baixa visão, além de mobiliário especial para cadeirantes. O prédio está adaptado para dar mobilidade e conforto. Funcionários capacitados para comunicar-se em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) vão prestar assistência aos usuários.

Serviços oferecidos
Além de consultar e emprestar livros e audiolivros, o usuário pode participar de eventos, palestras, conferências, exposições, cursos e outras atividades culturais voltados para a promoção da leitura e exploração de temas da atualidade. Ainda no primeiro semestre de 2010, um ônibus-biblioteca atenderá comunidades distantes. Uma agenda permanente e diversificada de atividades instigará o público a usar e frequentar a biblioteca regularmente.

Saiba mais, fonte: BSP